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Como os homens podem contribuir para a equidade de gênero na nossa sociedade?

Essa pergunta inicial tem duas palavras-chave que precisam ser refletidas e compreendidas. Primeiro, o feminismo é um movimento social protagonizado pelas mulheres pela equidade e igualdade de gênero, que surgiu no século XIX, após milênios de sistemáticas repressões contra as mulheres. Segundo, é importante entender que equidade não é o mesmo que igualdade – pois igualdade tem relação com tratar igual, sem distinção; a equidade se configura como o tratamento considerando a diferença, respeitando a individualidade e a diversidade que existe em uma pessoa.

Importante diferenciar equidade de discriminação. Na discriminação, você trata a diferença com o objetivo de excluir e na equidade você trata a diferença com o objetivo de incluir. Logo, a equidade tem relação com um objetivo de acessibilidade, respeito e contemplação daquilo que é diverso; a discriminação, por sua vez, está relacionada à segregação, ao preconceito e à opressão.

Mas se o feminismo é um movimento feito por mulheres, o que eu, homem, tenho a ver com isso?

 

Como homens podem contribuir com a equidade de gênero: exemplos e práticas que te ajudam na busca pela equidade de gênero

 

Numa sociedade estruturada no patriarcado, como já apontava Helleieth Safioti, a relação entre homens e mulheres é, desde o nascimento, desigual. Manuela D’Ávila, em seu livro “Por que lutamos?”, vai tratar a meninice masculina e feminina como dois espaços distintos na construção de identidades. 

Assim, o “ser menino” e o “ser menina”, na sociedade brasileira é colocado em espaços de desigualdade. Logo, o “ser menino” e depois o “ser rapaz”, o “ser homem” e o “ser senhor” estão em condições de privilégios, tanto no âmbito simbólico, como no discurso, na luta de classes e nos espaços institucionais da própria sociedade, incluindo a escola, o trabalho, a igreja e a família.

Observar essas relações de desigualdade nos permite refletir enquanto homens – mesmo que não sejamos todos nós heterossexuais ou cisgêneros – sobre qual nosso papel na busca pela equidade. Além de ouvir e entender as perspectivas do movimento feminista, temos algumas tarefas que podemos desempenhar e elas são importantes na busca pela equidade de gênero. Segue a listinha:

 

  • Não silencie uma mulher quando ela fala


    ilutração de homem silenciando uma mulher negra enquanto ela fala com o texto "1. não silence mulheres quando elas falam"

    Ser mulher não deve ser um fator limitante para realizar nenhuma atividade, ocupar um cargo, fazer planos ou ter sonhos. Se você deseja apoiá-la, ao invés de “fazer por ela”, incentive-a! Plante sonhos e não hesite em encorajá-la a buscar seus objetivos. Na verdade, interromper uma mulher quando ela está falando, além de ser desrespeitoso, está relacionado a um comportamento machista, visto que a interrupção ou o silenciamento são atitudes comuns frente às mulheres. Como em qualquer conversa respeitosa, aguarde ela terminar sua fala para você contribuir ao diálogo.

     

  • Respeite a autonomia de uma mulher

     

    Ser mulher não deve ser um fator limitante para realizar nenhuma atividade, ocupar um cargo, fazer planos ou ter sonhos. Se você deseja apoiá-la, ao invés de “fazer por ela”, incentive-a! Plante sonhos e não hesite em encorajá-la a buscar seus objetivos. Abra caminhos em vez de tentar caminhar em seu lugar ou mesmo guiá-la em suas escolhas.

     

  • Contrate mais mulheres!


    Sua equipe é feita majoritariamente de homens? As lideranças dos times de sua empresa são compostos majoritariamente por homens? Será que não está na hora de questionar isso? O aumento da diversidade em um time já é largamente apontado como um fator positivo e rentável aos negócios.

    Converse com sua liderança, com o time de Compliance e RH, mobilize sua empresa ou organização a se perguntar por que a maioria das mulheres não ocupam aqueles locais de trabalho e se puder mudar essa realidade, mude! O silenciamento e apagamento às mulheres também está quando você não dá oportunidades ou permanece omisso.

 

  • Não faça questionamentos machistas como:


    “Que horas andou?”, “que roupa usava?”,  e as famigeradas perguntas que não ajudam a diagnosticar a situação de violência pela qual uma mulher está passando. Pelo contrário, estes questionamentos todos servem apenas para deslegitimar sua experiência numa situação de violência ou assédio. Caso ouça algum relato do tipo, pratique a escuta ativa.

     

  • Converse sobre equidade de gênero:


    Um erro comum é achar que por não ser mulher, você não pode falar sobre machismo ou algum outro tópico semelhante. Nunca deixe de falar sobre equidade de gênero, seja na sua empresa, na escola ou na sua família.

    O cuidado que se deve ter é de não tomar a palavra apenas para você, respeitando a fala e opinião das mulheres. Se discordar de alguma posição, traga seu ponto de forma respeitosa e espere sua vez de falar e de trazer seu posicionamento. Lembre-se: equidade se constrói na base do diálogo e respeito e não da imposição.

 

  • Reveja a política de salários de sua empresa


    Sabia que as mulheres ganham ⅓ a menos do que os homens, ocupando as mesmas posições? Apesar de haver proibição na lei por distinção de salário entre gêneros, isso ainda ocorre de muitas formas.

    Por exemplo, mulheres que assumem as responsabilidades de uma função, mas na prática estão registradas em outra função, geralmente de nível hierárquico menor. Ou o caso de uma mulher que assume uma função e até possui registro e responsabilidades na função que assume, mas recebe menos por estar em um determinado setor ou área e não em outro.

    Se isso acontecer na sua empresa, procure seus direitos junto a um sindicato. Caso você esteja em posição de liderança, não fique em silêncio – vá até o RH e a alta liderança e apresente a necessidade de um plano de cargos e salários equitativo, onde homens e mulheres possam receber a mesma quantidade de salário.

    Caso você tenha dificuldades ou dúvidas sobre estes processos, uma solução pode ser a contratação de um serviço especializado em Diversidade & Inclusão para sua empresa. Você pode entrar em contato agora com um de nossos consultores clicando aqui!

 

  • Quantas mulheres trans e travestis têm na sua empresa?


    Poucas? Nenhuma? Trabalhou uma há muito tempo e você nem sabe quanto? Se isso acontece na sua empresa, busque movimentar-se e movimentar as lideranças para contratação de travestis e pessoas trans. Cada vez que você dá um trabalho a uma pessoa trans ou travesti, você ajuda a combater o estigma social.

    Além disso, você tem a oportunidade de mudar uma vida e aproveitar todas as vivências e qualidades que aquela pessoa tem a oferecer para sua empresa. Ah, isso vale para amizades também! É importante que as mulheres e pessoas trans estejam participando dos debates de equidade de gênero que você levantar, pois para falar de gênero é bom conversar com as mais variadas identidades.

 

  • Piadas machistas não têm graça

     

    mulheres diversas de braços cruzados sobre fundo bege com o escrito "3. Não faça, nem tolere piadas machistas"

    Seu amigo, pai, vizinho, papagaio ou cantor famoso fez uma piada machista? Fale com ele. Rir da piada machista é um ato de conivência a quem faz a piada e omissão a quem é violentada. Uma forma tóxica de masculinidade. Atrás daquela piada, há um discurso que deslegitima a importância das mulheres. Ficar em silêncio não ajuda, sendo necessário falar: “essa piada é machista”.

    E se uma mulher disser que a piada é machista, ouça. Não fale por ela, não a interrompa e não a deslegitime a fala dela – busque entender porque a piada é machista. Às vezes, por estarmos em posições de privilégio, não enxergamos a dor do outro e isso também é violência.

 

  • Antes de falar sobre feminismo, estude e ouça

     

    ilustração de homem apontando para si mesmo com auréola contornando sua cabeça vários "eu"escritos, indicando egocentrismo. Abaixo está escrito "5. Antes de falar sobre feminismo, estude e ouça"

     

    Um homem pode sim falar sobre os estudos produzidos pelas teorias feministas, pode sim discutir e refletir sobre aquilo que é produzido. O que ele não deve fazer é tomar para si o protagonismo da luta e nem querer ser “o porta-voz” das mulheres e do feminismo.Ele não deve deslegitimar a luta das mulheres e do feminismo porque “discorda das pautas”; ele não deve querer ensinar as melhores táticas e pautas, de acordo com “suas visões, experiências ou estudos”, pois isso quem decide são justamente as mulheres feministas organizadas em coletivos e entidades.

 

Esses são alguns passos e dicas para aprender a lidar e construir uma perspectiva de equidade de gênero. Busque se informar e compartilhar as informações que sabe, atente-se a ouvir pontos de vista diferentes e respeite. Preze pelo diálogo e pela equidade como um caminho para superar as adversidades e desigualdades! 🙂

Quer uma dica bônus? Se você quer auxiliar a construir ambientes com maior equidade de gênero, este questionário gratuito ajuda a identificar o panorama de Diversidade e Inclusão em empresas a partir da percepção das pessoas colaboradoras. Leve ele para sua empresa ou liderança de RH ! 🙂

 

Texto por Jonas Marssaro
Revisão por Domenique Rangel Leite
Ilustração por Thadeu dos Anjos
Organização por Marianna Spindola Godoy

Uma resposta

  1. Conteúdo bem estruturado que permite uma leitura muito acessível a compreensão. Simplesmente incrível!

    Faço apenas uma breve observação. Na primeira imagem está digitado 1- Não silencie mulheres enquanto elas falam. A segunda imagem foi colocado o número 3.

    Um abraço e muita Luz!

    Patrícia Pereira (mãe, esposa e avó orgulhosa do Kauê 24 dias de nascido)
    Psicóloga
    Especialista em Gestão Estratégica de Recursos humanos.
    Especialista em Gestão Educacional
    Psicopedagoga

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