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O que a comunidade Autista e a LGBTI+ tem em comum? #diadoorgulhoautista

O dia 18 de junho é um dia de muita importância para quem é autista, assim como o mês de junho é para quem é LGBTI+.

Paradoxalmente, estes dois movimentos sociais são muito próximos, pois tratam da visibilidade da diversidade. Seja ela de orientação sexual, de identidade de gênero ou neurológica, as datas são importantes de serem trazidas, pois elas nos fazem lembrar que existem pessoas dos mais variados jeitos de ser e que a diversidade é algo que contempla muito o ser humano.

É importante situar o que é ser LGBTI+ e o que é ser autista num país tão desigual como o Brasil, pois a LGBTIfobia e a psicofobia andam lado a lado com um projeto de país que quer normatizar nossos corpos e nossas mentes.

Quando olhamos para onde estão as pessoas LGBTI+ e as pessoas autistas, vemos elas em vários locais sociais, mas dificilmente encontramos essas pessoas nos espaços de representação; não temos autistas nas novelas, na política, no esporte, na música ou outros espaços. Semelhanças com LGBTIs? Pois então, imagine agora ser autista e LGBTI+ (sim, autistas têm sexualidade, autistas amam, autistas transam e autistas também têm identidade de gênero).

Vamos lá, para quem não sabe o que é “autismo”, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), vou falar um pouquinho, embasado em muito material aprofundado e didático sobre a temática.

Autismo é uma condição neuropsicológica do desenvolvimento humano, onde o cérebro possui um padrão de conexão diferente de pessoas neurotípicas, causando uma nova forma da pessoa processar mentalmente as informações que ela recebe do mundo exterior e interior dela. O autismo é bem amplo e diverso, possuí níveis, especificidades e uma amplitude enorme de sintomas e até algumas comorbidades, mas existem alguns padrões que são primordiais no diagnóstico:

➡️ dificuldade na interação social;
➡️ dificuldade na comunicação;
➡️ apego à repetição;
➡️ hiper focos (que podem ser um, mais de um ou então ser temporário ou permanente);
➡️ desordem no processamento mental;
➡️ hiper ou hipo sensibilidade em estímulos sensoriais;
➡️ dificuldade de entender abstrações (ironias, piadas, figuras de linguagem, etc).

Não existem dados concretos sobre a prevalência de autistas no Brasil, e isso dificulta demais a implementação de políticas públicas. Coincidentemente, os dados da população LGBTI+ no Brasil também são defasados e imprecisos.

O movimento autista busca se articular e envolver pais e profissionais de autistas, além das próprias pessoas autistas. Nosso movimento é por mais inclusão e mais acessibilidade nos espaços; nós queremos autistas em todos os locais, sendo respeitados como pessoas cidadãs que exercem seus direitos e deveres na sociedade, sem demais complicações.

Queremos estudar, trabalhar, namorar e viver com nossa forma de vida; nós queremos seguranças e queremos que nossa condição neurológica seja respeitada, pois ser autista não te faz alguém menor ou incapaz, muito pelo contrário, você está lendo essa publicação agora graças a Alan Turing, um gay autista e herói da Segunda Guerra Mundial, que foi influente no desenvolvimento da ciência da computação e na formalização do conceito de algoritmo e computação..

Nesse dia 18 de junho, eu quero andar orgulhoso com minha neurodiversidade e meu amor, porque acredito que não sou doente ou disfuncional, eu sou único e original de fábrica, igual a mim não tem ninguém.

Este texto foi escrito por Jonas Marssaro, LGBTI+ e autista.

0 resposta

  1. Que texto lindo!!!! Sou mãe de uma autista de 19 anos e tenho um irmão homossexual. Sempre digo que meu outro filho cresceu no meio da diversidade e aprendeu a amar e respeitar cada um do jeito que é. Sou grata por viver no meio da Diversidade e me sentir parte da Diversidade também!!! É o colorido que dá sentido à vida.

    1. Oioi Joice! Eu sou o Jonas, escrevi esse texto e super concordo com tudo o que disse!
      Nós autistas somos muitos e diversos e isso torna o autismo algo incrível!. Fico feliz que seu filho tenha crescido e aprendido a contemplar a diversidade como ela é, seria incrível se todas as pessoas tivessem a mesma percepção sobre a diversidade que seu tem <3

  2. Esse ano de 2020 foi tudo muito complicado cada vez uma
    nova bomba aparecia. Espero que 2021 seja mais calmo.
    Super agradeço pelo seu artigo foi bem útil. Compartilhei
    no meu pinterest e obrigado pela informação.

    1. Foi super difícil, né? Mas já está acabando!
      Também torcemos para que o próximo seja um pouquinho mais fácil. De qualquer forma, seguimos lutando pelo nosso espaço 🙂

      E gratidão por compartilhar com outras pessoas! 💗

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