Vamos falar um pouco sobre responsabilidade afetiva? Pode parecer uma expressão estranha, mas ela faz parte do seu cotidiano diretamente. Nesse artigo vamos explicar o que é responsabilidade afetiva, entender a diferença entre emoções e sentimentos, como acontece esse processo no nosso cérebro e, claro, dicas para melhorar sua comunicação!
Responsabilidade afetiva
Imagine a cena: você conhece a pessoa no Tinder, o papo soa bacana e a relação avança para o Instagram. As curtidas e os comentários logo se transformam em amizade no Facebook, compartilhamentos no Twitter e troca de contatos do WhatsApp ou Telegram. O rolê vira um encontro presencial (num contexto não pandêmico), está tudo muito bem, lindo e perfeito.
De repente, a pessoa some. Ou então diz que não está preparada. Também pode ser que ela diga que você está entendendo errado. A falta de ar vem, a lágrima escorre, você sente como se o título de “trouxa” estivesse estampado na sua testa. Os amigos e a família já haviam percebido que você estava diferente, mas que agora também está diferente de um jeito nada legal. O céu parece um pouco mais cinza do que semana passada. Talvez você não seja a pessoa mais dramática e vai no “segue o baile”. Mas, lá dentro, é difícil não se sentir mal. Pois é, eu tenho que te contar algo: é provável que você teve que lidar com a falta de responsabilidade afetiva alheia. O grande problema aqui é que, após um tempo, você acaba reproduzindo essa mesma mecânica. Isso porque você tem aprendido que essa é a forma de relacionamento que dá certo, o chamado “fogo de palha”.
Mas responsabilidade afetiva não se aplica apenas aos matches! Sabe aquela sua amiga tóxica ou seu amigo escroto?! (ou vice e versa) Ou então sabe aquele chefe ou professor que faz comentários extremamente rudes? Lá vamos nós escrever um pouco sobre esse conceito que tem aparecido muito em grandes blogs, como esses aqui.
Emoção x Sentimentos
Antes de falar exatamente sobre responsabilidade afetiva, vamos falar sobre alguns conceitos importantes que John Marshall Reeve escreveu no seu trabalho Emoção e Motivação, em 2019.
A emoção é um processo cognitivo que ocorre a todo momento em nosso cérebro. Estudos mais recentes estão mostrando que ela é extremamente presente em nossa vida, descartando assim aquela velha dicotomia emoção versus razão que o senso comum afirma. Todos os estímulos que recebemos nos levam a sentir emoções, pois estas estão, literalmente, na centralidade do encéfalo e das nossas vidas. Nós processamos nossas emoções a partir de todos os estímulos que recebemos do ambiente e, ao longo da vida, vamos aprendendo e criando novas emoções.
Por exemplo, quando vemos uma mensagem da pessoa que gostamos, o estímulo visual é processado nas vias de processamento de imagem. De lá, essa informação vai para o meio do encéfalo, onde se processa a emoção(no sistema límbico). Então de lá segue para o lobo frontal (região dianteira do cérebro), onde serão produzidos os pensamentos e decisões. Quando está no lobo frontal, a emoção já foi processada e as respostas fisiológicas daquela emoção já foram ordenadas (como sorrir, por exemplo). Por isso, tudo isso que parece acontecer junto, na verdade acontece em conexão, com locais e processamentos diferentes no cérebro.
Já o sentimento é a sensação subjetiva que decorre de uma emoção. Ou seja, quando uma pessoa está triste e chora, a tristeza é a emoção, é seu processo cognitivo. Já o choro é uma resposta frente à sensação de processar a tristeza. Portanto, o choro não é o sentimento, mas faz parte dele, pois é a resposta fisiológica de quando todo o corpo é comunicado de que você está triste.
O afeto se desenvolve numa relação entre uma pessoa e tudo aquilo que permeia sua vida. Existem afetos bons e ruins e eles também podem mudar. Porque afinal, depende muito da relação construída com aquilo no qual a pessoa projeta seu afeto. Dos afetos decorrem as ações, as mensagens e a comunicação e tudo isso tem relação direta com a responsabilidade afetiva.
Responsabilidade na comunicação
Todos nós somos seres relacionais. Isso significa que as relações que temos com as demais pessoas a nossa volta influencia nossa subjetividade e a construção de nossa imagem.
Na internet, a ausência de responsabilização acontece com frequência. Seja nos discursos de ódio, Fake News ou comentários tóxicos – ainda não conseguimos encontrar um modo efetivo de responsabilizar seus autores. E o mesmo acaba acontecendo nas relações pessoais online. Iludir uma pessoa com um investimento amoroso, amistoso ou de qualquer forma não leva à nada, nem para você e nem para a outra pessoa.
Durante a comunicação, é sempre possível que não se entenda uma mensagem da mesma forma. Somado à isso, temos a ausência da expressão corporal. A pessoa não está com você e consequentemente você não pode ouvi-la ou vê-la. Surgem então os “ruídos” na comunicação, que são falhas comunicativas que podem atrapalhar a compreensão da mensagem.
Infelizmente, isso pode levar a frustrações, problemas nos relacionamentos, na autoimagem e autoestima. Quando você rejeita alguém de maneira indelicada ou inesperada, você está influenciando diretamente a vida dessa pessoa. Outro ponto importante que devemos lembrar é o sentimento de culpa que, por vezes, pode acabar sendo desenvolvido por quem sofre essa quebra abrupta na comunicação. É importante reconhecer a responsabilidade que temos para com a vida dos outros!
Responsabilidade na comunicação
Ufa! Bastante coisa, né? Tudo isso pode parecer complexo quando explicado, mas na prática são ações super simples de serem tomadas. Pensando nisso, a gente elencou aqui abaixo algumas resoluções sobre estas questões que vão te ajudar a ter uma comunicação mais responsável:
- Seja sincera e sincero naquilo que você busca, sem soar invasivo ou indelicado.
- Se não puder responder a pessoa na hora, fale que não pode responder e que logo responderá.
- Se a pessoa que você está conversando não é o amor da sua vida, não iluda a pessoa. Você pode mostrar que ela é especial sem prometer à ela mundos e fundos.
- Seja responsável com a imagem da pessoa, evite expor ela nas suas redes sociais sem o consentimento prévio da mesma.
- Não trate a pessoa como um troféu ou prêmio de consolação. As pessoas não são objetos ou amuletos da sorte.
- Entenda que todo relacionamento gera expectativas, a frase “não crie expectativas” não existe nos relacionamentos, independente de quais sejam. Portanto, busque saber quais são as expectativas da pessoa e deixe explícito se tem ou não interesse em atender tais expectativas.
- Sinceridade é uma coisa, grosseria é outra! Você pode ser sincero não sendo grosseiro com a pessoa. Use da comunicação não violenta e busque entender como a pessoa está sentido-se ao conversar contigo.
- Os famosos “vácuos” nem sempre são as melhores respostas para serem entregues. Eles deixam muitos questionamentos em dúvida. No entanto, avisar a pessoa que não irá respondê-la, quando ela te chatear, pode ser uma saída.
É importante compreender que cada pessoa possui uma forma de se comunicar única. Afinal, cada um vive uma história e cada relacionamento é único. Contexto é algo que importa demais! No entanto, relacionamentos podem deixar de serem adoecedores quando compreendemos nossos limites e os limites da pessoa envolvida em questão.
Assim, é importante que haja cuidado ao falar e se expressar. Dê preferência à comunicação mais direta, empática e compreensiva o possível! Você pode se sentir livre para falar o que deseja e quais suas intenções futuras, e para isso é necessário se comunicar de forma transparente e elucidativa, como mostramos por aqui!
Gostou? Manda pra tia, pra avó, pra mãe, pra ou pro crush e peça para lerem até o final <3
REFERÊNCIAS
CATRACA LIVRE. Afinal, o que é responsabilidade afetiva? O termo tem a ver com respeito e empatia com o outro; entenda melhor. Catraca Livre. 06.mar.2020. Disponível em: <https://catracalivre.com.br/mais/afinal-o-que-e-responsabilidade-afetiva/>.
ELISE, J. Cansei de ser trouxa: saiba o que é a responsabilidade afetiva nas relações. UOL Universa. 22.nov.2018. Disponível em: <https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2018/11/22/cansei-de-ser-trouxa-responsabilidade-afetiva-e-deixar-claro-o-que-espera.htm>.
LIMA, B. A.; COLAVITTI, F. A urgência das responsabilidades afetivas em tempos digitais. Claudia. Sua Vida. 27.out.2019. Disponível em: <https://claudia.abril.com.br/sua-vida/a-urgencia-de-responsabilidade-afetiva-em-tempos-digitais/>.
REEVE, J. Motivação e emoção. 4 ed. Rio de Janeiro-RJ: LTC, 2019.